domingo, 3 de agosto de 2008

Batman - The Dark Knight


Ano que vem irão fazer 20 anos que o primeiro filme do Batman inaugurou a rentável indústria das adaptações de quadrinhos para o cinema. Não que ela não existisse antes disso. Existia, mas não era feito por pessoas realmente ligadas e com afinidade no assunto ou raras exceções, não passaram de filmes cult para um número restrito de apreciadores. Esses vinte anos serviram de experiência para todos. Diria que 80% do que se produziu foi lixo e os 20% restantes, tentativas honráveis. Não vou entrar em detalhes, mas nunca gostei dos Batman de Burton. Os outros dois daquele outro diretor que me recuso a citar o nome, nem valem uma linha de comentário.Em Hollywood a vida é dura. Você vai do gueto as estrelas em um dia, ou uma projeção e desce direto pro inferno no dia seguinte, nas páginas do Variety. Ontem fui ver Batman: O Cavaleiro das Trevas. Já havia lido várias críticas, não, elas não me influenciam, na verdade gosto de ver o que a maioria dos velhacos de plantão escrevem. Alguns são espertos, estão vendo a casa cair pra eles e se "enturmam" com a galera novata e resolvem aplaudir de pé, mesmo não entendendo nada. Fazer o que?
Terminado o filme, fiquei sem saber o que dizer. Sempre falo algo como: "Legal" ou "Marromeno", mas desta vez foi diferente. Diferente porque nesses vinte anos de comics nas telas, a gente já tá meio que "escolado" com o que vai ver. E dessa vez não. Confesso que não creio que The Dark Knight seja uma adaptação de quadrinhos para o cinema. Ele é filho da segunda geração, é a nova regra a ser seguida. Tomara que Zack Snyder entenda isso e leve Watchmen para o mesmo caminho. Batman: The Dark Knight é a essência de tudo o que Batman transmitiu a partir do boom de quadrinhos do final dos anos 80. Sabe aquela sensação quando você está lendo um gibi e diz: "Uau! Isso daria um filme e tanto"? Então a sensação é a mesma, só que da seguinte maneira: "Uau! Isso daria uma graphic novel e tanto!"
O filme é perfeito em tudo. Chris Nolan manda muito bem. O elenco... o que falar de um elenco que parece estar interpretando os últimos papéis de suas vidas. Você vê sangue nas veias de Eckhart, Caine, Freeman. Maggie Gyllenhaal não só substituiu Katie Holmes, como nos faz esquecê-la por total. Chistian Bale continua supremo, apesar de sua cisma em fazer vozes diferentes, ainda sai ileso. Gary Oldman é Gary Oldman, ninguém ousa peitá-lo. E sim, Heath Ledger rouba o filme sim, apesar da firulagem que estão fazendo por ai, só porque o rapaz morreu. É o Coringa definitivo, não só pro cinema, mas para as Hqs tambem. Servirá de inspiração para os roteiristas a partir de agora. Ele não é palhaço como Cesar Romero, nem tampouco idiota como Jack Nicholson. Junte esses dois e tire a parte alegre, misture muitas doses de sociopatia da mais violenta que possa exitir e pronto. A maestria do roteiro do filme e tanta que nos questionamos até mesmo quem é o vilão da história? O Coringa rebaixa o morcego ao seu nível, e deixa a cidade de pernas pro ar, literalmente. Outra grande surpresa: Harvey Dent. Nunca gostei do personagem, mas agora tive que dar a mão a palmatória, ou melhor bater palmas. Tudo isso graças a já comentada atuação de Aaron Ekhart. Brilhante. Posso estar cometendo uma heresia, mas se forem indicar Ledger para um Oscar, Eckhart deveria ser indicado para um de coadjuvante!
The Dark Knight é a mais pura experiência de loucura a que um personagem, seja ele de quadrinhos, romance ou mesmo cinema, possa transmitir. Ao final da exibição, fica um sentimento de alívio mas no fundo, um amargo sabor fica ainda que alguns minutos depois. Nolan conduziu o elenco e toda equipe num mundo aterrorizado, uma Gotham que apesar de fictícia, fica muito próxima das grandes metrópoles e suas ciladas. Nesses vinte anos, aprendemos de tudo, mas agora sabemos que os heróis nem sempre vencem no final do filme e que nem sempre um herói quer ser um herói, ele só quer uma nova vida... mas como uma prostituta, ele não consegue largar essa vida.

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